Como todos sabem, fui assassinado a facadas numa reunião do Senado, por um grupo que acreditava agir em defesa da República. Isso me fez pensar em como teria sido minha carreira como senador no Brasil. Na eternidade é assim: a gente procura se entreter com qualquer coisa. Fiz algumas comparações sem nenhuma serventia e aqui as divido com vocês. Desculpem-me. Já esgotei todas as minhas revistinhas de Sudoku.
No Brasil, minha sorte seria outra. A Câmara do Senado brasileira é uma espécie de ação entre amigos (e inimigos). Ninguém se machuca. Lá não há nem morte política – não importa o que você faça, se pegaram você fazendo o que não devia e se a opinião pública está contra você. Para tudo se dá um jeito. Entrei para a história da humanidade, mas no Brasil eu seria imortal.
Quando recebi as facadas que redundaram em minha morte, caí aos pés da estátua de Pompeu. Apesar de dolorida, foi uma cena e tanto, de grande dramaticidade. Com o pouco de energia que me restou, ainda consegui proferir as famosas palavras: Até tu, Brutus? Em Brasília, eu receberia no máximo um cartão vermelho (sem efeito suspensivo). E minha provável reação seria dizer: Ai, que meda! Em certos casos, a violência faz bem para a retórica.
Depois da minha campanha exitosa no Egito, rumei ao Oriente Médio e lá derrotei o rei Farnaces. Minha vitória foi tão arrasadora que comemorei parindo, de cesariana, mais uma célebre frase: Veni, vidi, vici (Vim, vi, venci). No Brasil, as vitórias são de outro gênero, não há espetáculo. Minha frase, localmente, teria que ser algo como: Vim, vi, todo mundo viu, mas vamos fingir que ninguém viu, OK? Definitivamente, conchavos não rendem bons discursos.
Quando contrariei alguns senadores e atravessei o Rio Rubicão, eu sabia dos riscos que meu ato, nada secreto, significava. Por isso, disse: Alea jacta est (A sorte está lançada). No Brasil, a versão seria “A má sorte está arquivada”.
Mas a principal conclusão que tiro de toda essa comparação é que em Roma eu cheguei ao posto de grande imperador. No Brasil, eu não passaria de um coronel.
quinta-feira, 3 de setembro de 2009
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É, Júlio, bom tempos os nossos... Podíamos não ser santos, mas pelo menos gozávamos de um certo respeito. Estou dando palestras motivacionais, e você, o que anda fazendo?
ResponderExcluirVamos marcar uma orgia para aparar arestas e lembrar os velhos tempos. Eu chamaria o Pompeu, mas ele é meio p. da vida com você, acha - que ironia! - que você o esfaqueou pelas costas.
Soube que o Brutus virou hippie?
Cícero, que bom lhe ver aqui. Fico feliz que você esteja dando palestras motivacionais. espero que elas estejam lhe auto-ajudando.
ResponderExcluirAgora em termos de orgias, compadre Cícero, o senado atual não deve nada as do nosso tempo. São de outra espécie.
Grande abraço,
JC
Cesinha!
ResponderExcluirVi você naquela série da HBO, Roma, e te achei muito bem. Me diz uma coisa: quanto foi o teu cachê? Te pergunto porque o pessoal da Globo tá me convidando para uma minissérie que, eles dizem, vai incendiar a TV brasileira.
Abraços calorosos,
Nero
Se tivessem que assassinar algum daqueles senadores, por causa de traição ao povo ou ao país, sobrariam muitos poucos. Quase todos agindo em seu próprio interesse e de seus parentes e amigos. Dificultando a governabilidade do país.
ResponderExcluirAve Cesar,
ResponderExcluirPenso que darias um grande goleiro...
Ave Caesar, mas... imperator só teu sobrinho, Otaviano, tu ficaste só no consulato, diga lá aos gajos da cartacapital
ResponderExcluirAve Caesar!
ResponderExcluirEstes grupos que agem em defesa da reles pública são um problema histórico. O Brutos por aqui usa bigode e esfaqueia geral!
Vida longa ao Império - mesmo que ele seja no Maranhão!
Abç.
Fidelius
Fantástico!
ResponderExcluirExcelência,
ResponderExcluirIn vino veritas. Portanto, brindemos a este texto hilariante!
Abraço,
Alex
Já q estais na eternidade,eterniza-se no blog tb, prestigiando-nos sempre c essas maravilhosas elocubrações,ok?
ResponderExcluirquando farás a próxima publicação?
ResponderExcluirEsse blog é o meu favorito!!!!
ResponderExcluirSabe cara, lembro de uma frase de um brother dos teus tempos de Coliseu. Fico até triste pois existia pão e circo... hoje eu estou com fome e me sinto um palhaço.
ResponderExcluirOlha, caríssimo, você leva tudo muito a sério e é por isso que fica todo reclamão aí nos Eliseos. Na boa, sou mais o legado que deixei visto o sucesso cinematográfico que me tornou uma lenda na busca pelo gozo e pelo poder, e só. E veja, você não chegou a ser Imperado de verdade.
ResponderExcluirAve César!!
ResponderExcluirBrother, me diz: Dou a Serra o que é de Serra??
Gaiuzinho, se você tivesse me escutado. Eu te falei pra não confiar naquele Brutus.
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